IRVING SELASSIÉ

Vejo tudo tão estranho... Uma constante despedida. Como se a cada lugar que eu passasse, fosse minha última vez ali. A cada rua,a cada sorriso, a cada folha que cai ao chão. Tudo é despedida. É como viver sempre com nostalgia. Saudade do que nem sei... Parece sempre que vou errar o freio. Sempre me machucando... Sem sangrar,sem pele,sem contato... Mas a dor é profunda,intensa. Os homens tentam me apontar o caminho. Me oferecem espelhos mágicos. Magia  diluída em palavras fingidas, Em testemunhos forjados, Em exemplos artificiais. Julgam teus erros. Te colocam contra o muro. Mas se esquecem que sua inteligência emocional foi adquirida com placebo. Irving Selassié

Poesia pra exorcizar os demônios. Versos  são minhas orações...Meu culto. Um oferta ao divino. O melhor de mim. O meu maior esforço cognitivo. E ainda sim há erros,há limitação. Um culto pela minha imperfeição. Pela utopia da disciplina. Verso, prosa e escarro Sem rima, sem compasso, sem métrica. Palavras rebeldes, escrita insubmissa. Uma afronta à hipócrita tradição. UM VERSO PAGÃO. Rima ao acaso,desabafo do cansado. Desistência do vencedor... Folha arrancada Papel amassado Poesia descartada Levanto, abro a porta e saio... Não me importo com a estrada, Procuro apenas pelo impacto. Vou de olhos fechados ao encontro dos contrários. Como poesia no papel,me amasso. Irving  Selassié

Minhas palavras são para as almas escuras, para quem caminha na penumbra. Falo para a noite, para escuridão lancinante, para dor profunda...Cortante. Falo pra quem tem a coragem extrema, para quem planeja com excesso de futuro Sucumbe no excesso de passado. Falo para dias sim,dias não... Sim, quero vida Não, Não quero vida Cansei da dualidade Deus e o diabo Dia e noite Certo ou errado Vida e morte. Só queria a opção do descanso. Irving Selassié

. A foice me fascina... Tenho apego pela escuridão... Ela ensina... A dor ensina... O medo inspira Concede a intuição... Sem rima... Sem métrica Prefere o palavrão... Na escuridão,  não  há concretismo. Só  imagem...Imaginação. Massa de modelar  Distúrbio produtivo. Sem demônios ou anjos... Sem Esse tipo de fogueira moral pra manipular. Amo as trevas... Tenho apego pela solidão. Não consigo me ver... Não há auto piedade... Só autópsia no homem vivo. Irving Selassié.

As estrelas percebendo a ausência da lua,se ofereciam ao sol. O Sol logo perguntou: -Hoje a LUA não apareceu? E com o calor da sua voz continuou: -O céu é um manto escuro. Sem esplendor. Sem sentido... Não! Eu não quero essas estrelas... Elas são muitas... Quero a LUA única,exclusiva... Rainha da noite. A Lua permanece...Estrelas explodem... A luz própria envaidece,enlouquece... EU MESMO SOU UMA ESTRELA EM EBULIÇÃO.! Estrelas são suicidas... Avisa a lua que milhões de clarões estão por vir! Irei torná-la cheia, saciada... E  em todas as suas fases serás iluminada. IRVING SELASSIÉ

O CONTO QUE PERDEU O ENCANTO. Um amanhecer inesquecível... Portas abertas...O vento s oprava  forte e entrava pela casa ensolarada. Portas e janelas faziam o som ambiente, uma percussão tribal para uma oferenda... Um sacrifício vivo. Era a culpa que assolava. Culpa por ter falado, culpa por ter calado, culpa por expor seus sentimentos, culpa por não conseguir ser tão cruel quanto as outras pessoas, culpa pela tristeza alheia... Tudo era culpa. Carregava sua angústia sem fim e a cada tentativa de ser feliz, uma navalha perfurava seu peito.Cada sorriso era uma dor pungente. Na sua rotina a insuportável  aflição de não conseguir mudar. Religião, autoajuda, amizades...Nada acabava com a dor. Tudo era  culpa por existir. Quando caminhava observava os carros, a altura dos prédios, quantos degraus tinha as escadas que subia, em tudo que via e fazia era um planejamento do fim. Tão ausente de si, enfrentava a vida. Toda rejeição que sentia ao tentar pedir socorro, mesmo para ...

O Telespectador Eu não estou aqui. Não sinto o gosto do mel.Não sinto doçura.Um outro alguém vive em mim e tudo que eu posso fazer é assistir. Irving Selassié