SETEMBRO AMARELO
O CONTO QUE PERDEU O ENCANTO.
Um amanhecer inesquecível... Portas abertas...O vento soprava forte e entrava pela casa ensolarada. Portas e janelas faziam o som ambiente, uma percussão tribal para uma oferenda... Um sacrifício vivo.
Era a culpa que assolava. Culpa por ter falado, culpa por ter calado, culpa por expor seus sentimentos, culpa por não conseguir ser tão cruel quanto as outras pessoas, culpa pela tristeza alheia... Tudo era culpa.
Carregava sua angústia sem fim e a cada tentativa de ser feliz, uma navalha perfurava seu peito.Cada sorriso era uma dor pungente.
Na sua rotina a insuportável aflição de não conseguir mudar. Religião, autoajuda, amizades...Nada acabava com a dor. Tudo era culpa por existir. Quando caminhava observava os carros, a altura dos prédios, quantos degraus tinha as escadas que subia, em tudo que via e fazia era um planejamento do fim.
Tão ausente de si, enfrentava a vida. Toda rejeição que sentia ao tentar pedir socorro, mesmo para as pessoas mais queridas.Era como se fosse um presente dado a alguém que você ama e essa pessoa dissesse não. E ninguém conseguiu perceber que era a última tentativa, o último pedido de ajuda, a última pessoa escolhida para o resgate de alguma essência de vida que ainda poderia existir...Mas isso assusta e todos os anjos escolhidos voaram para longe...
Vivia com a constante sensação que um outro alguém controlava sua vida.Um alguém que falava, pensava e sentia no seu lugar. Um estranho fazia morada. E essa vida estraçalhada, era pela luta que não terminava, contra esse alguém que o dominava.Uma luta pela vida...
Só que dessa vez, no final, venceu a pessoa errada.
Fim
IRVING SELASSIÉ
Comentários
Postar um comentário